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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Glossário de Linguística - CLG

Ferdinand Saussure


Pai da linguística moderna.
Olá meus caros leitores, certo dia na aula de linguística nos foi pedido para montar um glossário de significados de termos linguísticos... Dá para imaginar que isso tem cara de ser fácil, mas é bastante complexo? Na verdade, tem pessoas que nem ao menos sabe o que é Linguística...
Pensando nisto, resolvi colocar aqui para vocês as minhas respostas, assim, quem não sabe o que é linguística terá a oportunidade de conhecer melhor e quem já sabe, vai ter a chance de ver que faculdade de Letras não é para qualquer um! Engana-se quem diz que é moleza (risos). Ah, e lembrem-se, não plagiem! Plágio é crime! Sempre ao citar algo que não foi você mesmo quem o fez, coloquem as referências bibliográficas, sei que parece bobagem alertar isto, mas um CTRL+C e CTRL+V é realmente muito
atrativo, mas você deve ter consciência de que até mesmo pessoas de renome no campo da pesquisa já foram pegas plagiando e acabaram por perder seus empregos!
Logo vamos ser conscientes! Não copiar nada sem colocar as devidas referências!


Glossário:

Abaixo, alguns termos muito usados para compreender a Linguística como um todo.

Linguagem: é a capacidade do ser humano para se comunicar através de um sistema de sinais ou língua. Não se deve confundir com língua ou idioma, que é a representação concreta dessa capacidade, manifestada na existência das línguas naturais. Às vezes o termo estende-se às linguagens que os humanos usam para se comunicar, além da linguagem falada, como a linguagem de sinais .
Para Saussare a linguagem é a faculdade natural de usar uma língua, “ao passo que a língua constitui algo adquirido e convencional.” (CLG,17)

Língua: Podemos definir língua de três formas, sendo estas a língua como acervo linguístico, como instituição social e como realidade sistemática.
Como acervo linguístico a língua é uma realidade psíquica, está memorizada no cérebro de cada falante de qualquer idioma existente, é uma soma de signos que estão depositados em cada cérebro, como se fosse um dicionário e uma gramática cuja extensão será proporcional ao conhecimento e a percepção linguística do falante. (CARVALHO, 2003)
Como instituição social a língua é um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos, em outras palavras, o homem poderia abolir qualquer instituição social, menos a língua.
E por fim, como realidade sistemática e funcional é o conhecimento mais importante do conceito saussuriano a respeito da língua. Para o mestre de Genebra, a língua é, antes de tudo, “um sistema de signos distintos correspondentes a ideias distintas.” É considerada homogênea e por este fato é um sistema de signos que exprimem idéias.

Sincronia: é um conceito linguístico referido à percepção em um momento específico da história dos diversos aspectos de uma língua..
A oposição entre sincronia e diacronia , assim como estes dois termos nesta acepção, devem-se a Ferdinand de Saussure , primeiro lingüista que separou claramente os dois pontos de vista. Esta oposição é frutífera também em filosofia , onde foi explorada entre outros por Barthes e Sartre . Segundo Saussare, tudo o que se relaciona com o aspecto estático da nossa ciência diz respeito a sincronia, que é um estudo descritivo e não histórico da língua, pois o estudo sincrônico repousa na sua conceituação fundamental de língua como sistema de valores. A abordagem sincrónica estuda uma língua em um momento preciso da sua história. O termo vem do grego συν-, «com» ​​e χρόνος, "temps". A gramática escolar é essencialmente sincrônica: indica quais são as normas consideradas como regras de uma língua, que podem ter mudado de estados anteriores.

Diacronia: estuda a história da língua e suas evoluções ( etimologia , evoluções fonéticas , semânticas , lexicais , sintáticas , etc.). O termo é um empréstimo culto construído sobre raízes gregas , δια-, "através" e χρόνος, «tempo». A Linguística comparada , por exemplo, tem uma abordagem diacrônica. Segundo Saussare, tudo o que se diz respeito a evoluções da língua é diacrônico, pois tais estudos são considerados históricos.
Sincronia é equivalente à estática, diacronia é a evolução histórica. São duas perspectivas diferentes quando se trata de observar uma mesma realidade: o sistema em um momento dado e o sistema em desenvolvimento, ainda que, se tem em conta o caráter parcialmente inovador de todo ato lingüístico, só existe o aspecto diacrônico, enquanto o aspecto sincrônico é uma abstração científica necessária para estudar como funciona a língua. No aspecto sincrônico corresponde a disciplina denominada gramática e que, em sentido amplo do termo, é a descrição do sistema da língua, o aspecto diacrônico corresponde a gramática histórica e história da língua 

Relações Sintagmáticas: As relações sintagmáticas baseiam-se no caráter linear do signo linguístico, que exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo. A língua é formada por elementos que se sucedem um após outro linearmente na cadeia da fala e a essa relação Saussure chama de sintagma: O sintagma se compõe sempre de duas ou mais unidades consecutivas: re-ler, contra todos, a vida humana, Deus é bom, se fizer bom tempo, sairemos, etc. Na cadeia sintagmática, um termo passa a ter valor em virtude do encontro que estabelece com aquele que o precede ou lhe sucede, ou a ambos, visto que um termo não pode aparecer ao mesmo tempo que outro, em virtude do seu caráter linear. Em “Hoje fez frio”, por exemplo, não podemos pronunciar a sílaba je antes da sílaba ho(Jeho!), nem ho ao mesmo tempo que je: é impossível. É essa cadeia fônica que faz com que se estabeleçam relações sintagmáticas entre os elementos que a compõem. Como a relação sintagmática se estabelece em função da presença dos termos precedente e subsequente no discurso, Saussure a chama também de relação in præsentia.

Relações Paradigmáticas: Segundo Brandão, as relações paradigmáticas, no plano da expressão, operam com base na similaridade de sons como nas rimas, aliterações, assonâncias. Já, no plano do conteúdo, as relações paradigmáticas baseiam-se na similaridade de sentido, na associação entre o termo presente na frase e a simbologia que ele desperta em nossa mente, como no caso da metáfora: O pavão é um arco-íris de plumas, ou seja, arco-íris = semicírculo ou arco multicor. Embora presente no texto em prosa, a metáfora é mais usual na poesia. Já a metonímia, mais comum na prosa, por basear-se numa relação de contiguidade de sentido, atua no eixo sintagmático. Ex.: O autor pela obra: “Gosto de ler Machado de Assis”; a parte pelo todo: “Os desabrigados ficaram sem teto” (= casa); o continente pelo conteúdo: “Tomei um copo de vinho” (o vinho contido no copo), etc.

Signo: Saussure define o signo com a união do sentido e da imagem acústica. Ele chama de “sentido”, o conceito ou a idéia, isto é, a representação mental que possuímos de um ser ou “coisa” que está inclusa no meio em que vivemos, representação essa condicionada pela formação sócio-cultural desde o berço. Para Saussure, conceito é sinônimo de significado, já imagem acústica é a expressão, o significante. Ele diz que o significado é o plano das idéias, sua parte inteligível, em oposição ao significante, a imagem acústica (plano das expressões), sua parte sensível. Essa imagem acústica não diz respeito ao som físico, mas à impressão psíquica que o som produz em nós.Desse modo o lingüista deixa-nos claro que o signo lingüístico tem duas faces, o significado e o significante,Em termos simples um signo linguistico é toda unidade portadora de sentido.

Significante: Em semiótica e linguística , o significante é a imagem acústica que, unida ao significado , constitui o signo linguístico
Significado: Em Linguística o significado designa o conceito como elemento que constitui juntamente com o significante o signo linguístico

Arbitrariedade: Considerada uma das teses mais contestadas de F. de Saussure, a arbitrariedade do signo diz que o conceito não possui vínculo algum com a imagem acústica. Mas vale lembrar que a palavra arbitrário não deve ser interpretada de forma que o plano de expressão dependa da vontade do falante, já que o mesmo não pode mudar o signo estabelecido pelo seu grupo lingüístico.O significante não tem nenhuma relação interior necessária com o significado, por isso, dizemos que é imotivado.
Existem dois sentidos para arbitrário:
• O significante em relação ao significado: livro, book, libro, buch, etc.(diferentes significantes para um mesmo significado).
A idéia de casa não está ligada por relação nenhuma à seqüência de sons c-a-s-a, que é o significante; poderia ser representada por qualquer seqüência de sons. Prova disto é que nas diferentes línguas, como latim, francês e português, designam o mesmo objeto com palavras (em sua maioria) totalmente diferentes: a casa será  em francês: maison. Em português. Casa. Em inglês: home, e etc.
A arbitrariedade do signo tem caráter imotivado, ou seja, o significado não tem relação intrínseca com o significante, exceto algumas onomatopéias e exclamações (próximas das onomatopéias). Nas onomatopéias, a escolha do significante nem sempre é arbitrária, pois não passam de imitações aproximativas e convencionais de ruídos. Nas exclamações, basta comparar línguas distintas e ver como tais expressões variam de uma para outra: o francês aie! equivale ao alemão au! e em português ai!
Ainda quanto à arbitrariedade do signo, esta pode ser absoluta e relativa. O primeiro trata da imotivação total do signo (tomado isoladamente) e o segundo considera uma ligação motivada entre significado e significante. Quando temos o numeral dez e o numeral nove, temos dois signos absolutamente arbitrários. Mas, quando temos o numeral dezenove, a arbitrariedade torna-se relativa, isto porque dezenove é a junção de dois conceitos distintos que são representados por signos diferentes. O signo que surge dessa junção é fiel às idéias contidas nos signos anteriormente separados, e aí está a motivação.
• O significado em parcela semântica (em oposição à totalidade de um campo semântico).
Em Português, podemos nos referir a um objeto usando alguns significantes parciais. Quando falamos de algum alimento, geralmente usamos um significante total para expressar a idéia de uma parcialidade, como, “comer /karneiro/”, quando queremos transmitir a idéia de “carne de carneiro”. Usando qualquer um desses significantes, podemos passar a idéia desejada, comer carne de carneiro em uma refeição. Seguindo o exemplo, tem-se em inglês, a palavra sheep - carneiro, e mutton - carne de carneiro. Da mesma forma, é abitrário ao falante o uso desses significantes, sendo que ambos irão ter o significado igual nesse contexto.

Linearidade: Este princípio refere-se ao plano de expressão, pois o mesmo é de natureza auditiva e se desenvolve exclusivamente no tempo, e apresenta extensão mensurável e unidimensional, ou seja, é uma linha. Todo o mecanismo da língua depende desse princípio. Essa linearidade nos permite diferenciar conceitos como o de sílaba e o de distribuição e forma a cadeia falada. Em uma frase, as palavras não se dispõem ao acaso, cada uma tem sua posição determinada. O artigo, por exemplo, vem anteposto ao substantivo – isso no português; já no romeno, o artigo vem posposto ao substantivo. Dado isto, diz-se que os elementos têm uma distribuição característica.

Agora, com base no texto de Pietro Forte,  o esclarecimento de algumas perguntas básicas:

  1. Conceitue Signo Linguístico.
R:Para Saussare, o signo é o conjunto formado pelo significado e o significante, ou seja, uma relação entre uma imagem acústica, que é o significante, e um conceito, que deniminou de significado.

  1. Explique: a língua não é entendida como nomenclatura, mas como um princípio de classificação.
R: Acreditava-se que a língua era somente uma nomenclatura, mas Saussare, através de sua relação de signo, demonstra que não é essa a relação, entre palavra e coisas, mas sim uma imagem acústica e um conceito, ou seja, entre um Significante e um significado. Isso implica que a língua não é uma nomenclatura, mas um princípio de classificação.

  1. Saussare afirma: um signo é definido dentro do sistema, ou seja, ganha valor na sua relação com outros signos. Justifique.
R: Um significante e um significado formam um signo, que, por sua vez, é definido dentro de um sistema, ou seja, um signo ganha valor na relação com outros signos.

  1. Justifique: Saussare afirma que o signo é arbitrário. O que significa isso?
R: Para Saussare o signo é arbitrário, pois não há uma relação de causa e efeito que motive a relação que une um significado e um significante. Por exemplo, no signo comer nada há na imagem acústica formada pela sequência de vogais e consoantes /komer/, o significante, que leva a uma relação direta com o conceito comer, o significado.

  1. Exemplifique o que são signos arbitrários absolutos e arbitrários relativos.
R: Segundo Saussare, a condição de arbitrariedade, está diretamente ligada ao fato de o signo ser ou não motivado. Quando se fala arbitrariedade absoluta diz-se total falta de motivação, e, quando se diz arbitrariedade relativa, diz-se, também, motivação relativa ou, considera-se ter havido aí alguma ligação motivada entre significado e significante. Por exemplo, o signo dezenove é  relativamente motivado, já o signo vinte não é motivado, pois dezenove  é motivado pelos signos dez e nove, significando dez mais nove, já que fazem parte do sistema linguístico do português. Mas vinte não é motivado, pois não existe o signo dezedez. O mesmo acontece com o nome de algumas plantas, como a bananeira e a macieira que são relativamente motivados por seus frutos, a banana e a maça e pelos processos morfológicos do português formarão as palavras bananeira e macieira, mas o mesmo não acontece com o eucalipto e o freixo que não são motivados.

  1. O que é semiologia e Lingüística?
R: O estudo de um modo geral dos signos foi chamado de Semiologia, apesar de que na época de Saussare essa ciência geral dos signos ainda não existia, mas deveria ser criada, e assim muitos semiólogos como Roland Barthes, cuidaram de estabelecer as bases dessa ciência no decorrer do século XX.
Já a lingüística foi chamada assim por estudar os signos verbais, que por sua vez, faria parte da Semiologia, a ciência dos signos em geral, logo compreende-se que a Lingüística é uma parte da Semiologia que estuda os signos verbais.

  1. Explique o que é linearidade do signo.
R: O caráter linear do significante da língua, segundo Saussare, é uma imagem acústica, que, quando se realiza na fala, forma uma substancia sonora. Sendo da ordem do som, sua realização acontece no tempo, tomando a forma de uma duração. Contrariamente aos significantes visuais, que se realizam no espaço, os significantes sonoros, como os significantes lingüísticos ou musicais, realizam-se no tempo, de modo que dois sons só se realizam em uma sucessão.
Essa propriedade linear dos signos da língua é importante para descrever as relações que estabelecem entre si. A questão da distribuição dos signos e de suas relações, a medida que também define um estado sincrônico de língua, é examinada por Saussare. Elas são tratadas no estudo da dicotomia paradigma vs, sintagma.



Referências Bibliográficas:
BRANDÃO, Antônio Jackson de Souza. O curso de Lingüística Geral: ideias (bem) gerais. 2011. Disponível em:http://www.jackbran.pro.br/linguistica/curso_de_linguistica_geral.htm
Acesso em: 10/08/2012
CARVALHO, Castelar. Para compreender Saussare: fundamentos e visão crítica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003
PIETRO FORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da lingüística. In: FIORIN, José Luiz. Introdução a lingüística. 5 ed. São Paulo: Contexto; 2007
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. São Paulo, Cultrix, 2006.

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